"Couture" = costura / é o termo que se usa para falar de peças únicas, criadas com exclusividade pelos costureiros.
Nos últimos tempos, várias grifes de moda e acessórios anunciaram a criação de hotéis, migrando do ramo de varejo de produtos para o de serviços e abrindo uma nova fronteira de crescimento.
A consultora Claudia D'Arpizio, da Bain & Company, é especialista em luxo há dez anos diz que é preciso estudar a razão pela qual cada empresa ingressou no setor hoteleiro, já que as estratégias e os motivos nem sempre são os mesmos.
FERRAGAMO
Por muitos anos, Ferragamo parecia ser o único player a atuar com sapatos e também com hotéis, mas a empresa fez escola.
Atuar no ramo de hotéis era mais uma questão de investimento imobiliário do que uma estratégia de expansão de marca. Mas nenhuma das casas ou hotéis leva o nome Ferragamo. "A empresa agora está considerando a possibilidade de usar o nome Ferragamo no hotel que está prestes a inaugurar em Roma", diz Claudia. "Aí sim, usariam o hotel como um brand strategy".
VERSACE
Versace abriu seu Palazzo na Austrália (único 6 estrelas do país) e está prestes a terminar um segundo empreendimento em Dubai. Alguns pequenos-grandes luxos do Palazzo: se você quiser fazer um jantarzinho para amigos, um "private chef" de cozinha estará no seu "condomínio" para se encarregar de tudo. A marina pode providenciar um iate só para você fazer um passeio romântico, à luz de velas sob o luar. Mas se você quiser mergulhar nas barreiras de recifes daqui a dois míseros minutos, basta requisitar um hidroavião.
ARMANI
Armani anunciou uma "coleção internacional" de sete hotéis em várias capitais.
A intenção é usar nos hotéis de luxo o nome Empório Armani - a marca de menor prestígio dentro do grupo. Se isso se confirma, seria um exercício interessante de up-grade de marca. Em junho passado, Giorgio Armani assinou um acordo com a EMAAR Hotel & Resorts, empresa da qual o governo de Dubai detém 30%, que prevê a abertura de 7 hotéis de luxo e 3 resorts nos próximos dez anos. Depois de Dubai, segue-se o hotel de Milão, o de Londres e o de Nova York. Torre em Dubai que abrigará o Hotel Armani. Armani declarou: "Hoje, mais do que nunca, a moda inclui nosso estilo de vida, não só como nos vestimos, mas de onde vivemos, em que restaurantes comemos, qual carro dirigimos, onde vamos nas férias e em qual hotel nos hospedamos. Eu acredito que, para aqueles que gostam da moda Armani e das coleções para a casa, será um grande entusiasmo a possibilidade de se hospedar num hotel ou num resort Armani. Este projeto continua nossa estratégia de construir o universo Armani, uma compreensiva marca de lifestyle."
BULGARI
Bulgari abriu um hotel em Milão e prepara outro em Bali.
Para a Bulgari o hotel funciona como uma expansão de marca, uma tentativa de aumentar o conhecimento da grife e fazer com que o consumidor de jóias tenha também acesso a serviços exclusivos. É um investimento feito em joint-venture com o grupo Marriott, que entra com a administração enquanto a Bulgari entra com o estilo. "É uma experiência muito interessante. Se eles estão com o Marriott, eu não vejo muitos riscos. Claro que pode acontecer de um consumidor não ser bem atendido no hotel e deixar de ser consumidor da marca, mas se você tem uma boa operação por trás do hotel, a possibilidade de acontecer algo ruim para a marca é mínima", diz Cláudia.
O Hotel Bulgari está colado ao horto botânico de Milão. O cliente do hotel Bulgari é brindado com alguns mimos: personal shopper, para quem quer companhia na hora de fazer compras, guest advice para recomendar o que fazer na cidade, check in e check out no quarto, tratamentos estéticos, personal trainer e serviço de entretenimento para as crianças.
DIESEL
Na Diesel, a receita não foi a suntuosidade e sim o kitsch e o bom humor. O Pelican, de Miami, está num prédio dos anos 40, tem 25 quartos temáticos, com decoração que inclui cores fortes, tecidos zebrados, geladeiras antigas e pingüins de louça. Embora não tenha pendurado o nome Diesel na porta, a estratégia da empresa era a de usar o hotel como mais uma opção de comunicação da marca. Pelo visto, deu certo: o local virou "point" dos modernos da moda, da música e do cinema.
BENETTON
Benetton considera Mônaco e Grand Canal, em Veneza, onde mantém dois hotéis, apenas bons investimentos no ramo do luxo pela holding.
Há ainda vários outros "couture hotels":
* Krizia tem o K Club em Barbuda, no Caribe, montado a princípio para funcionar como casa de verão para Mariuccia Mandelli, dona da marca;
* Max Mara tem o Albergo delle Notarie, concebido para acomodar os executivos que visitavam a empresa e não tinham uma hospedagem à altura.
Qualquer que seja a razão original pela qual todos esses empreendimentos tenham sido montados, uma coisa é certa: hotéis podem, sim, agregar valor a uma marca. Os consumidores de luxo, hoje, principalmente os mais antigos como os europeus e americanos, sabem misturar marcas e são, por isso mesmo, menos leais a uma única. São mais sofisticados e isso torna mais difícil fazê-los fiéis. "Os hotéis podem ajudar muito nessa tarefa de fidelização", diz Claúdia.
Passada a onda dos hotéis, qual será a próxima tsunami a arrastar as grifes de moda e de acessórios? Claudia arrisca um palpite e coloca suas fichas nos spas, nos centros de beleza e de qualidade de vida.
Qualquer que seja a razão original pela qual todos esses empreendimentos tenham sido montados, uma coisa é certa: hotéis podem, sim, agregar valor a uma marca. Os consumidores de luxo, hoje, principalmente os mais antigos como os europeus e americanos, sabem misturar marcas e são, por isso mesmo, menos leais a uma única. São mais sofisticados e isso torna mais difícil fazê-los fiéis. "Os hotéis podem ajudar muito nessa tarefa de fidelização", diz Claúdia.
Passada a onda dos hotéis, qual será a próxima tsunami a arrastar as grifes de moda e de acessórios? Claudia arrisca um palpite e coloca suas fichas nos spas, nos centros de beleza e de qualidade de vida.
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