quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A Nova Era da Arquitetura e Decoração dos Hotéis

Esse meu artigo foi também publicado no Hôtelier News. Clique AQUI.
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Vamos encarar a realidade: não há mais espaço para decoração entediante em hotéis. A arquitetura e decoração de interiores voltados à hotelaria podem ajudar muito a tangibilizar seu posicionamento, sua identidade, sua proposta, seu diferencial. São elementos extremamente perceptíveis, mesmo que inconsciente para alguns. As três palavras de ordem para a ambientação de hotéis hoje são: conforto, estímulo e interatividade.
Para tanto, não se pode limitar a ousadia a marcas como W Hotels ou Unique. Além disso, se você é um hotel independente, fique longe de padrões internacionais, tenha identidade própria, torne a criatividade parte da sua estratégia e inspire-se. Use e abuse da arquitetura e da decoração para encantar e envolver seus hóspedes. É para isso que ela serve. Os viajantes querem lembrar de produtos únicos, criativos. Estes, aliás, são os mais lembrados e comentados nas redes sociais após a hospedagem.
Vamos entender o que vem acontecendo com o mercado.
Dos anos 1970 aos dias de hoje
Durante muitos anos, a arquitetura e a decoração hoteleira repetiam padrões internacionais com o discurso de manter os projetos globalizados. Qual viajante frequente já não perdeu a noção de onde estava porque acordou em um quarto exatamente igual a todos os outros?
Tal tendência, felizmente, está acabando. Embora grandes redes ainda insistam na decoração impessoal, muitas outras já começam a colocar elementos da cultura local nos seus ambientes, aproximando-os dos hóspedes.
Até os anos 1970/1980, a arquitetura e decoração seguiam basicamente dois estilos:

Americano - chão frio, pé direito alto, restaurante fraco e recepção tradicional. Eficiência é mais importante que afeto ou luxo. Construções geralmente novas, verticais e com ênfase na tecnologia. Palavra chave: Funcionalidade.

Europeu - tapetes, plantas, pé direito mais baixo e, nos mais tradicionais, check-in sentado. Modelo que valoriza as mordomias e cerimônias, no qual o antigo tem valor. Maior integração com a natureza. Palavra chave: Conforto.

Esses rótulos estão acabando, e os dois modelos se mesclando. Muitos executivos e investidores hoteleiros já entenderam que o inteligente, em termos de construção e decoração, é agregar o melhor dos dois mundos.

Os hóspedes agradecem. Afinal de contas, um hotel é muito mais que "dormir fora de casa". Para muitos, a hospedagem é diversão, negócios, fuga da rotina (turismo cultural), novos conhecimentos (para quem participa de eventos) etc. Não há mais espaço para hotéis engessados. Versatilidade é essencial nessa indústria.
Com base nisso, a onda do design tomou conta da hotelaria. Hoje encontramos bares temáticos, restaurantes incríveis, salas de eventos interativas, fitness e lobbys sensacionais. E, por falar em lobby, esse é o ponto primordial com o qual você pode ganhar ou perder o cliente.

Lembre-se da importância da primeira impressão. Até então, o viajante só tinha a promessa (comentários dos amigos, propaganda, reportagens, seu site, redes sociais etc). Esse é o momento no qual toda sua expectativa começa a tomar forma.

Não é à toa que decoradores de todo o mundo têm dedicado atenção especial aos lobbys. É só reparar nas últimas renovações. O novo lobby do Hotel InterContinental São Paulo é um bom exemplo disso.

 Lobby e bar do InterContinental São Paulo
(foto: tripadvisor.com)

A tendência da arquitetura e da decoração como parte da estratégia dos hotéis não para por aí. Ambientes cada vez mais sensoriais estão sendo trabalhados como suporte à imagem e à percepção da marca. Bibliotecas, galerias de arte e exposição, salas privativas para trabalho, sala de jogos, playground e áreas de convivência ao ar livre já são encontrados até nos hotéis corporativos mais tradicionais. Mas será que é preciso ser um hotel de luxo ou ter muito capital para investir nesse tipo de ambientação?

A resposta é não. A criatividade superou a ostentação. O luxo e o requinte excessivos deram espaço à funcionalidade e ao bom gosto. Você não precisa contratar o Philippe Starck ou o Ian Schrager para decorar seu hotel. Mas nada o impede de utilizar suas duas ideias principais:

Áreas públicas - ambientes de socialização (base dos hotéis design), integrando os hóspedes, o hotel e a cidade.
Apartamentos - decoração intimista, foco no conceito "casa fora de casa", passando sensação de segurança e alívio. Armários, mesas e sofás são dimensionados de acordo com a permanência média dos hóspedes. Além, claro, do básico: móveis resistentes, boa acústica, proibido ar-condicionado de janela e funcionalidade com tomadas e conexões em geral.

Existem empresas especializadas em decoração de interiores e arquitetura hoteleira aqui no Brasil que esbanjam bom gosto. Aliás, bom gosto é o desafio. Na ansiedade de criar algo diferente, vemos hoteleiros "perderem a mão" com carpetes psicodélicos nas áreas de eventos, iluminação cansativa, apartamentos nada funcionais que, com a desculpa de ser design, acabam tornando a hospedagem estressante.

Outros vão ainda mais além. O caso clássico é dos cofres com abertura lateral para deixar o laptop carregando. Atenção: isto esquenta demais o equipamento e pode queimá-lo. Você voltaria para um hotel que fez você perder todo o conteúdo e ainda inutilizou seu computador?

TendênciasTambém é importante ampliar a visão. Design é algo que está presente não só na decoração, mas na arquitetura, na natureza, na vista da janela, nos pequenos detalhes. As paredes de vidro e as plantas do lobby do Tivoli São Paulo ou a vista da Ponte Estaiada do Sheraton WTC são exemplos dessa beleza.


Lobby do hotel Tivoli Mofarrej, em São Paulo (SP)
(foto: saopaulo.com.br)

A última edição da revista Casa Vogue traz um editorial muito interessante sobre o assunto: "Um mundo atento ao ser humano e ao meio ambiente, em que reina o respeito à vida e à natureza. Valores permeados pela sustentabilidade, inclusão social e diversidade. E também pelo ócio - criativo. Porque a preciosidade máxima é o tempo e o que se faz com ele. A idade pouco importa. Um lugar onde se acumulam amigos, cultura, boas idéias e doces lembranças. Um universo imaginário? Não, um novo mundo, identificado pela essência e pelas emoções. Superfícies com efeito tátil e visual, ícones centenários e designers visionários. Mas, acima de tudo, liberdade total de utilizar o espaço e combinar estilos, de forma cada vez mais ampla e multidisciplinar. O luxo de ser o que se sente, de ser o que se é".
Realmente o foco mudou! E para deixar esse conceito mais tangível, seguem algumas dicas de grandes arquitetos e decoradores:

- Ambientes onde as pessoas podem usar e abusar sem regras;
- Proporcionar conforto;
- Valorizar o hábitat;
- Flores e plantas, sempre naturais;
- Se você deseja coisas boas, perfeito. Não é justo que outras pessoas sofram por causa disso. Não é mais aceitável que os materiais de construção e decoração do seu hotel sejam provenientes de uma cadeia de produção que gera exploração ou pobreza;
- Madeira de demolição;
- Luz natural;
- Sensação de escapismo (mesmo em hotéis corporativos);
- Estética não é mais fundamental. Harmonia e bem-estar sim.

Para finalizar, o escritório britânico WGSN define três grandes tendências mundiais como novos caminhos estéticos:

1) Hyper Cultura - Múltiplas origens e influências tomam lugar de culturas singulares. Evolução Cultural. Surge uma estética que mixa marcas, estilos, valores e ícones que encarnam suas origens culturais.

2) Eco-Hedonismo - Surge um novo luxo em paralelo à natureza. Sustentabilidade combinada com o hedonismo. O que era uma técnica de sobrevivência agora é um caminho luxuoso para o consumo. 
Exemplo: O Awasi (Deserto do Atacama, Chile) utilizou somente materiais encontrados até 100 quilômetros de distância do hotel na sua construção e utiliza a cultura local como base de sua estratégia. Prova disso são suas diárias de US$ 2 mil e a participação em organizações como Relais & Chateau e Virtuoso Hotels & Resorts.

Hotel Awasi
(foto: awasi.cl)

3) Neutralidade Radical - Os moderados são os novos radicais. A neutralidade é a nova espiritualidade. Mudar o ponto focal e, automaticamente, a relevância da imagem. As aparências parecem singulares, mas mantém a diversidade cultural.

Muito viajante? Bem, grandes designers são grandes artistas, e esse pessoal vive de grandes inspirações.
Corredor do hotel Armani Dubai
(foto: dubai.armanihotels.com)

Todos eles concordam que hotéis e restaurantes ainda demandam um over design (em comparação à decoração de residências, por exemplo). A Hyper Cultura e o Eco-Hedonismo já dão sinais em vários hotéis pelo mundo. Será que esse over se mantém por muito tempo ou a aproximação do conceito Guest House consolidará a Neutralidade Radical como a grande tendência para o mundo da hotelaria?
Seja como for, inspire-se! Não dá mais para viver em um mundo commodity de hotéis sem criatividade!

domingo, 20 de novembro de 2011

Coréia do Norte dá uma chance ao turismo

A Coréia do Norte está aberta para negócios....pelo menos os negócios turísticos!
O país tem montanhas, rios, cachoeiras e florestas maravilhosas. A capital Pyongyang oferece 70 parques, água cristalina que você pode beber direto da torneira, trânsito tranquilo e incríveis monumentos e memoriais para visitar.

É só respeitar algumas regras:
  • Não traga seu celular.
  • Não mande emails.
  • Nunca (nunca mesmo) fale com estranhos.
  • Não passeie pelas ruas sozinho (somente em grupo e acompanhado por um guia).
  • Não tire fotos de cidadãos normais.
Nada disso é permito e você pode estragar (sua viagem. 
A grande maioria dos Coreanos não tem acesso a internet, celular e quase nenhuma comunicação com o mundo fora do país. Existem 2 canais de TV do governo (que não funcionam todos os dias) e um terceiro que passa filmes chineses antigos nos finais de semana.

Mount Kumgang Resort

Um grupo de 70 turistas e investidores chineses foram convidados para conhecer o local (Mount Kumgang). Muitos dos convidados trabalhavam em agências de viagens. Outros, eram chineses com origens coreanas, e aproveitaram a viagem para conhecer a terra dos seus pais e avós.

Mas nem tudo foi fácil. A Coréia do Sul proibiu uma Sul Coreana em participar do grupo (em função do turista Sul Coreano morto em 2008 quando tentou entrar em uma área proibida no país) e, em retaliação, eles expulsaram os trabalhadores sul coreanos do hotel.

Fotos não foram permitidas (e os celulares já tinham ficado em sacos plásticos no aeroporto). Na cidade, eles foram acompanhados (sempre em grupos) aos monumentos e memoriais.
Mesmo com alguns convidados protestando, eles só comeram em um buffet específico e fizeram compras em uma loja pré designada para turistas.

No futuro, a internet estará liberada na área do hotel para turistas.
Com os U.S. e a Coréia do Norte tendo cortado o abastecimento de comida à Coréia do Norte, a China entra como grande fornecedora, não só de alimentos, mas de energia em geral. A China acredita que essa é a entrada para inserir produtos de luxo também no país. Pyongyang é uma cidade de poucos carros, mas esses poucos são BMW e Mercedes-Benz, por exemplo.
Além disso, os turistas chineses vêem o país como um destino exótico, com ar puro e beleza natural. O ar misterioso da Coréia do Norte atrai muito os chineses também.

 O "Arco do Triunfo" Coreano

Bem, turismo é uma coisa, investir lá já é outra, bem diferente. A maioria dos investidores saiu de lá com essa sensação. "Eles ainda estão ainda muito atrasados. Eu precisava entender o que acontece com a  classe média para investir aqui, mas eles não me deixaram falar com as pessoas", disse Li Zhigang, um investidor chinês convidado.

Essa matéria saiu no Washington Post essa semana e foi escrito pelo jornalista Keith Richburg.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Tendências Hotelaria - Budget 2012

Hoteleiro,
Para você que está terminando seu budget de 2012, seguem algumas apresentações que assisti no SAHIC (South American Hotel & Tourism Investment Conference) 2011 em Santiago, Chile em setembro.
Acredito que essas informações podem ajudá-lo. Estão em Inglês ou Espanhol, ok?

Além desses itens, visite meu canal no Slide Share e você encontrará inúmeros estudos e apresentações falando sobre Hotelaria, Luxo Turismo, Marketing, Revenue Management, Distribuição, etc.

Dados confiáveis são a base de um plano estatégico consistente e eficaz. Como nossa indústria ainda é extremamente carente de estudos e dados consistentes, espero que os links abaixo ajudem.

Enjoy,


1) Tendências Mundiais da Hotelaria
"Trends in the Hospitality Industry" - Russell Kent - Managing Director, London, UK

2) Tendências América Latina
"What´s next in South America?" - Arturo Garcia Rosa - Presidente SAHIC e Senior Partner HVs


3) Economia Global
"Global Shock & Economic Outlook - South America in Context" - Pablo F.G. Bréard - VP & Head of International Research, Scotiabank Group

4) Investimentos América Latina no Chile
"Foreign Direct Investment in Latin America & Caribbean" - Matías Mori - Executive Foreign Investment Committee - Gobierno Chile

5) IFC Na América Latina
"The Lenders Outlook" - IFC (International Finance Corporation) - Leopoldo Sposato

6) Hotelaria America

7) Perspectivas Colômbia 
"Perspectiva de un Mercado Emergente: Colombia" - Andrés Alvarado Ortiz, Socio Director Abacus

8) Hotelaria Sustentável
"Go Green is an alternative?"  - Lucas Clariá 

9) Alternativa Verde
"Go Green is an Alternative?" - Walter Feldman, Jonathan Nehmer Associates


11) Desenvolvimento Accor - Abel Castro - Diretor Desenvolvimento Brasil

12) Desenvolvimento IHG - Eduardo Camargo, Regional Developer Brazil and South Cone

13) Desenvolvimento Hyatt - Camilo Bulaños - VP Development Latin America