terça-feira, 10 de abril de 2012

Storytelling, a arte de contar histórias

Esse meu artigo também foi publicado no Hôtelier News. Leia AQUI.
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Você conhece algum outro profissional que tenha tantas boas histórias para contar quanto os hoteleiros?
Mas se é assim, por que a maioria dos hoteleiros, mesmo com o advento das mídias sociais, preferem contar histórias maçantes, superficiais e que não vendem seus hotéis?
A explicação é simples: a hotelaria ainda não conhece ou não sabe como aplicar a técnica de Storytelling.


(imagem: cleareducacao.com.br)
Nunca ouviu falar? Então começe sua pesquisa HOJE!
E não ache que é um processo a ser aplicado somente para marcas de luxo. Elas simplesmente foram as primeiras a aplicarem a técnica, pois suas conexões emocionais com o cliente são vitais. Aliás, quando esses laços são genuínos, geram confiança, principal sentimento da lealdade.
Portanto, em um mundo pautado pelo excesso de canais e informações, o storytelling entra como um elemento que pode ajudar a disseminar uma ideia, construir uma marca ou alavancar vendas com mais eficiência, conquistando o público pela emoção. E isso vale para qualquer negócio.
Veja o sensacional vídeo do Ritz Carlton (em inglês), totalmente focado nas emoções e com uma frase final arrebatadora:

Entenda agora porque essa é a nova sensação da comunicação mundial e porque seu hotel não pode ficar de fora.
Vamos começar pensando em suas estratégias de marketing. Se pensarmos bem, marketing nada mais é do que contar a história sobre a experiência que sua marca pode proporcionar, certo?!
Para tanto, não podemos esquecer a verdade absoluta: para contar é preciso ter o que contar.
Sim, estamos falando de conteúdo, ele continua sendo essencial, mas o jeito como o comunicamos tem que mudar. O storytelling chegou como a melhor maneira de organizar informações, transmitir emoções e mobilizar as pessoas.
Contar histórias é um método de comunicação eficaz porque elas criam gatilhos que transportam as pessoas para a visão compartilhada de uma ideia mais rápido do que qualquer outra forma de comunicação.
Mas nem adianta pensar em iniciar esse processo sem definir os três valores fundamentais do seu hotel. Exemplos:
a) Hotel corporativo em uma grande cidade - urbano, tecnologia e design;

b) Resort - natureza, tranquilidade, conforto;

c) Hotel econômico ? conveniência, localização privilegiada.
Depois disso defina seu público-alvo, pois você precisará ter muita empatia, criar a melhor experiência para ele, conectá-lo com sensações positivas e finalmente fazer com que ele guarde o hotel em sua mente como um momento memorável. Tudo isso criará as condições perfeitas para contarmos grandes histórias. Lembre-se que histórias criam novas atitudes e necessidades dos consumidores.
Criando sua história:

1) Crie uma história que seja baseada em uma questão importante, universal. O ideal são fatos que marcaram nossas vidas, algum momento especial, no qual todos se identificam, como as crianças por exemplo.

2) Importante que tenha uma estrutura bem definida (começo, meio e fim) e que seja coerente. O personagem que vai liderar a história é vital, pois o cliente precisa se idetificar com ele. Sim, a narrativa deve ser feita em primeira pessoa. Se optar por um terceiro, que esse pareça conhecer o protagonista.
3) Vital que a história seja fácil de lembrar, para que possamos compartilhar e refletir a identidade, o conceito fundamental, o diferencial da marca.
Por fim, para ilustrar tudo o que falamos sobre storytelling, veja abaixo o meu vídeo preferido na hotelaria. A Shangrila Hotels realmente entendeu o storytelling e aplicou-o de maneira exemplar, tocando emocionalmente o expectador em vários níveis. A cena final é a pura essência da hospitalidade, da generosidade e do humanismo.
Slogan da Shangrila Hotels: "Abraçar um estranho como um dos nossos. Essa é a nossa natureza!"
Como não se apaixonar pelo storytelling?
Incríveis metáforas visuais e verbais que passam toda a essência da marca rapidamente. No comercial acima, o medo inerente da vulnerabilidade do viajante ficou claro, assim como o aconchego e segurança que a Shangrila Hotels oferece, não importando de onde você vem ou para aonde está indo.
Pesquise mais sobre o assunto, contrate agências de publicidade e digitais que entendam (muito) do tema e conecte-se (de verdade e pela primeira vez) com seus clientes.
Depois, para testar suas habilidades no assunto, faça o teste clássico do elevador. Se você conseguir passar a essência do seu negócio para alguém nesses poucos minutos, parabéns, você se tornou um verdadeiro storythinker.
Lembre-se: marcas não contam nada, elas são etéreas. Quem conta histórias é você!
Estude, inspire-se e boas histórias!
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sábado, 7 de abril de 2012

A Força do Branding Musical

Esse meu artigo também foi publicado no site Gestão do Luxo da FAAP. Leia AQUI.
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Não é mais novidade que os comerciais de margarina não abrem mão da fumaça saindo do bule do café pela manhã para que recordemos o aroma mais enraizado da infância: o café sendo preparado e a família ao redor da mesa. Parece que conseguimos sentir o cheiro! A sensação de bem-estar é imediata. Automaticamente, criamos associações positivas com aquela marca.

Mas o aroma não está sozinho. Vivemos diariamente um intenso processo cognitivo através de formas, cores e inúmeras outras sensações que as marcas nos proporcionam. Em um mundo onde qualidade já é commodity, os marqueteiros precisam se superar a cada dia. A música sempre foi capaz de traçar a identidade de uma pessoa ou de uma sociedade. Quando bem escolhida, reconhecemos marcas, associamos a sentimentos e guardamos aquela sensação na memória.


Hoje em dia, a busca desenfreada das empresas para se posicionarem positivamente na mente dos consumidores fez da memória auditiva uma das grandes forças do marketing sensorial (scent marketing). A música corporativa (sound branding) transforma o conceito e a linguagem visual da empresa, dá voz à marca, evidencia sua personalidade e cria um vínculo emocional com o cliente, conectando-o diretamente a suas emoções, estado de espírito e estilo.

Com algumas marcas, já ficou impossível desconectar alguns sons da sua imagem.
Os roncos dos motores de marcas como Ferrari, Harley Davidson e Porsche, por exemplo, já são patenteados.

Ronco da Harley Davidson:


Existem os logotipos sonoros:
Mercedes:


LG:
No link a seguir há um vídeo de 6:29 minutos com vários outros exemplos: 



Mas a música vem tomando conta do mundo corporativo e indo muito além dos logotipos e sons patenteados das suas máquinas. As indústrias de entretenimento e hospitalidade têm investido pesado para tornar seus ambientes agradáveis (fazendo seus clientes se esquecerem do tempo e do espaço) e conectá-los a um certo estilo de vida.

Shopping centers, restaurantes e hotéis de alto padrão saíram na frente e vêm trabalhando muito para que seus clientes levem algo mais na memória do que somente um lindo design e aromas agradáveis. O Fashion Mall no Rio de Janeiro investe em sound branding há anos, e a empresa Zanna Sound é responsável pelo seu tema musical, logo sonoro, espera telefônica e várias outras peças. Ouça e veja neste vídeo as peças sonoras e a rádio criada para o empreendimento:



Em restaurantes, as estatísticas não mentem. De acordo com os estudiosos Lovelock e Wirtzo comportamento dos clientes é extremamente impactado pela música ambiente. Os valores estão em dólar, por ser uma pesquisa de 2006 feita nos Estados Unidos:
  • Tempo gasto pelo consumidor à mesa: 45 minutos com música rápida e 56 minutos com música lenta.
  • Despesa com comida: US$ 55,12 com música rápida e US$ 55,81 com música lenta.
  • Despesa com bebidas: US$ 21,62 com música rápida e US$ 30,47 com música lenta.
  • Depesa total: US$ 76,74 com música rápida e US$ 86,28 com música lenta.
Seguindo a tendência, hotéis não param de inovar. O Sofitel Montreal (Canadá) oferece um MP3 estilizado, com o logo do hotel e todas as músicas que tocam no lobby ao final da hospedagem dos hóspedes VIPs.

Já a rede Starwood Hotels & Resorts fez uma parceria com o Jazz at Lincoln Center, em Nova York, e vai abrir uma série de clubes de jazz em propriedades da sua marca hoteleira St. Regis no  mundo todo.

A programação de jazz será levada aos hotéis para entreter e educar os clientes sobre a história do gênero e seu valor cultural. O primeiro clube do jazz será no St. Regis Doha, no Catar, que abrirá em abril de 2012. Outros cinco clubes de jazz já estão programados para os próximos cinco anos.


Fonte: www.stregisdoha.com.

Em resumo, as marcas líderes estão cada vez mais abertas e vigilantes na construção de parcerias estratégicas ressonantes, on-line e off-line. Oferecer narrativas mais ricas e uma forte afinidade cultural nos principais pontos de contato com o cliente pode se tornar uma das grandes vantagens competitivas dessas marcas.

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