Esse meu artigo também foi publicado no site Gestão do Luxo da FAAP. Leia AQUI.
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Não é mais novidade que os comerciais de margarina não abrem mão da fumaça saindo do bule do café pela manhã para que recordemos o aroma mais enraizado da infância: o café sendo preparado e a família ao redor da mesa. Parece que conseguimos sentir o cheiro! A sensação de bem-estar é imediata. Automaticamente, criamos associações positivas com aquela marca.
Mas o aroma não está sozinho. Vivemos diariamente um intenso processo cognitivo através de formas, cores e inúmeras outras sensações que as marcas nos proporcionam. Em um mundo onde qualidade já é commodity, os marqueteiros precisam se superar a cada dia. A música sempre foi capaz de traçar a identidade de uma pessoa ou de uma sociedade. Quando bem escolhida, reconhecemos marcas, associamos a sentimentos e guardamos aquela sensação na memória.
Hoje em dia, a busca desenfreada das empresas para se posicionarem positivamente na mente dos consumidores fez da memória auditiva uma das grandes forças do marketing sensorial (scent marketing). A música corporativa (sound branding) transforma o conceito e a linguagem visual da empresa, dá voz à marca, evidencia sua personalidade e cria um vínculo emocional com o cliente, conectando-o diretamente a suas emoções, estado de espírito e estilo.
Com algumas marcas, já ficou impossível desconectar alguns sons da sua imagem.
Os roncos dos motores de marcas como Ferrari, Harley Davidson e Porsche, por exemplo, já são patenteados.
Os roncos dos motores de marcas como Ferrari, Harley Davidson e Porsche, por exemplo, já são patenteados.
Ronco da Harley Davidson:
Existem os logotipos sonoros:
Mercedes:
LG:
Mas a música vem tomando conta do mundo corporativo e indo muito além dos logotipos e sons patenteados das suas máquinas. As indústrias de entretenimento e hospitalidade têm investido pesado para tornar seus ambientes agradáveis (fazendo seus clientes se esquecerem do tempo e do espaço) e conectá-los a um certo estilo de vida.
Shopping centers, restaurantes e hotéis de alto padrão saíram na frente e vêm trabalhando muito para que seus clientes levem algo mais na memória do que somente um lindo design e aromas agradáveis. O Fashion Mall no Rio de Janeiro investe em sound branding há anos, e a empresa Zanna Sound é responsável pelo seu tema musical, logo sonoro, espera telefônica e várias outras peças. Ouça e veja neste vídeo as peças sonoras e a rádio criada para o empreendimento:
Em restaurantes, as estatísticas não mentem. De acordo com os estudiosos Lovelock e Wirtz, o comportamento dos clientes é extremamente impactado pela música ambiente. Os valores estão em dólar, por ser uma pesquisa de 2006 feita nos Estados Unidos:
- Tempo gasto pelo consumidor à mesa: 45 minutos com música rápida e 56 minutos com música lenta.
- Despesa com comida: US$ 55,12 com música rápida e US$ 55,81 com música lenta.
- Despesa com bebidas: US$ 21,62 com música rápida e US$ 30,47 com música lenta.
- Depesa total: US$ 76,74 com música rápida e US$ 86,28 com música lenta.
Seguindo a tendência, hotéis não param de inovar. O Sofitel Montreal (Canadá) oferece um MP3 estilizado, com o logo do hotel e todas as músicas que tocam no lobby ao final da hospedagem dos hóspedes VIPs.
Já a rede Starwood Hotels & Resorts fez uma parceria com o Jazz at Lincoln Center, em Nova York, e vai abrir uma série de clubes de jazz em propriedades da sua marca hoteleira St. Regis no mundo todo.
Fonte: www.stregisdoha.com. |
Em resumo, as marcas líderes estão cada vez mais abertas e vigilantes na construção de parcerias estratégicas ressonantes, on-line e off-line. Oferecer narrativas mais ricas e uma forte afinidade cultural nos principais pontos de contato com o cliente pode se tornar uma das grandes vantagens competitivas dessas marcas.
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Um comentário:
Interessantíssima matéria. Parabéns. Ruben
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