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Ultimamente, por todas as cidades que passo, ouço hoteleiros comentando sobre o crescimento (em quantidade e qualidade) dos hostels. E não é para menos.
A cidade com mais debates sobre o tema é Londres, onde a HVS até já publicou um estudo falando sobre a nova concorrência dos hotéis econômicos.
Se você acha que isso é assunto só do mercado europeu, está enganado. O Brasil está entre os 15 países do mundo mais bem servidos nesse meio de hospedagem e é líder na América Latina.
A ideia começou em 1909, quando o professor alemão Richard Schirmann passou a organizar pequenas viagens de estudos. Assim nasceu o primeiro Albergue da Juventude – HOSTEL, em Altena, Alemanha, no ano de 1912, que funciona até hoje. Em 1932 foi criada a Federação Internacional de Albergues da Juventude – Hostelling International. No Brasil, os hostels chegaram na década de 60, época da geração “pé na estrada”, dos hippies e dos movimentos estudantis no mundo. Em 1971 o Brasil criou a Federação Brasileira dos Albergues da Juventude (FBAJ) e começou a fazer parte, definitivamente, do Movimento Alberguista.
Desde lá, os conhecidos backpackers vêm ganhando força, mudando de nome e de estilo. Hoje, o tradicional mochileiro se tornou um flashpacker. Afinal, ele pega ônibus com ar condicionado, viaja repleto de aparatos tecnológicos caros, quer bares da moda, camas confortáveis e privacidade. Esse novo viajante continua se divertindo, mas nunca perdido ou desconfortável. Só não admite pagar caro. Perfil perfeito para os sensacionais hostels boutique.
Não há regras claras que diferenciem os hostels design ou boutique dos tradicionais, nem é garantia de melhor serviço. Na maioria das vezes é uma questão de marketing, que pode não dizer muita coisa. Entretanto, vejo isso como uma evolução positiva do setor, mostrando que a nova demanda vem exigindo um maior cuidado, investimentos e profissionalismo dos hostels atuais.
Mas independente do momento, comparados com hotéis econômicos, os hostels sempre foram imbatíveis em um ponto, a AUTENTICIDADE. E nada mais próximo dos jovens do que uma marca cheia de PERSONALIDADE.
As novas necessidades dos jovens entre 18 e 35 anos são:
- Aprender sobre a cultura local.
- Conectar-se com a comunidade.
- Ter experiências autênticas.
Seu credo: “Viagem é sobre pessoas e experiências, e não necessariamente sobre o destino.”
Mesmo assim, o site HostelBookers listou os destinos preferidos desses viajantes em 2013: Genebra (Suíça), Manila (Filipinas), Chicago (EUA), Penang (Malásia), Tóquio (Japão), Havana (Cuba), Cairns (Austrália) e Hanói (Vietnã). No Brasil, o destaque ficou com a Ilha Grande, no Rio de Janeiro.
1) Adventure Queenstown Hostel / Nova Zelândia – 97% de aprovação.
2) Naughty Squirrel Backpackers Hostel / Letônia – 95% de aprovação.
3) NapPark Hostel / Tailândia – 94% de aprovação.
Área de convivência do NapPark
No Brasil, a Hostelling International, através de votação no site da Federação Nacional dos Albergues da Juventude, divulgou no início desse ano os hostels mais bem avaliados do país:
1) Jeri Brasil Hostel – Jeriquaquara/CE
2) Pipa Hostel – Praia da Pipa/RN
3) Tribo Hostel – Ubatuba/SP
Mesmo os albergues acima não serem considerados design/boutique, a atmosfera jovem e interativa é vital na votação. Entre outros, o item mais recorrente nos critérios para a escolha de um hostel é o mesmo no mundo todo: FUN. Aí está a fórmula do sucesso dos hostels boutique: Diversão + Conforto + Preço Acessível. Como não amá-los?
No Brasil, o Leblon Spot, no Rio de Janeiro, foi o pioneiro, mas já faz alguns anos que não está sozinho no mercado. Com um público tão conectado e cada vez mais exigente, aventureiros no setor não estão conseguindo se posicionar como design ou boutique.
Algumas características básicas para se destacar nesse segmento são:
Presença Digital
Sites impecáveis, interativos, com linguagem simples e fotos tratadas e convidativas. E nem preciso dizer que devem arrasar nas redes sociais. Se o dono responder comentários pessoalmente, ponto pra ele!
Design Inovador
O mercado mais maduro de albergues no mundo continua sendo a Europa, mas a ousadia e criatividade dos proprietários brasileiros têm demonstrado uma vontade enorme de colocar o país no mapa dos hostels mais luxuosos. Exemplo disso é o incrível We Hostel+Design, uma mansão de 450m² em São Paulo, decorada com móveis garimpados na cidade e um estilo Vintage, super elegante. Além da decoração única, a suíte exclusiva para mulheres também surpreende.
Sustentabilidade
Em uma área onde os hotéis tradicionais estão engatinhando, os hostels design/boutique nascem com consciência ambiental, a começar pela construção e decoração criativa. Na Islândia já existe o selo Green Hostel. Devemos esperar algo semelhante por aqui em breve. Poderia citar milhares de iniciativas criativas de hostels brasileiros. Dois exemplos simples, mas que rendem boa mídia e agradam seu público: Hostel Lua Cheia/RN adotou o “ecopo” (copo descartável de papel em formato de envelope) e o lustre descolado feito com um varal de roupas do We Design+Hostel de SP.
Lustre do We Design+Hostel
Experiências Únicas
Bares, eventos diferentes e baladas divertidas estão se tornando quase uma exigência dos descolados clientes dos Hostels.
Veja alguns exemplos:
- Baladas – O contemporâneo e estiloso Z.bra, no Leblon, oferece um cardápio repleto de pratos japoneses e drinks diferentes. Para a noite ficar completa, o Hostel conta com saraus, vernissages e baladas imperdíveis.
- Bares – o nome da rede europeia Beds&Bars já diz tudo sobre seu grande diferencial. Eles são especialistas em Pubs.
- Eventos Únicos – o FDesign Hostel conta com uma sala de cinema e um espaço chamado Urubu Club, espaço panorâmico com piscina onde são realizado eventos diversos, incluindo curtir um belo pôr do sol.
Urubu Club – FDesign Hostel, Salvador (BA)
Tendências dos Hostel Boutique/Design:
- Eventos Corporativos – o Oztel (Albergue do Ano pelo Guia Brasil 2013) já trabalha com eventos de empresas há algum tempo, principalmente aquelas com a cultura da sustentabilidade ou que querem focar o evento no tema.
- Hospedagem de Negócios – além dos jovens executivos autônomos, cada vez mais presentes no mundo dos negócios em função da onda de empreendedorismo atual, podemos esperar empresas negociando com hostels para a hospedagem de seus funcionários, incluindo long stays.
- Redes de Hostels Boutique – Tanto as redes internacionais, quanto a criação de nacionais, como o FDesign Hostel (do ator Luis Fernando Guimarães), que já tem projetos de expansão para Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro.
- Novo perfil de cliente – os boutique/design vão atrair hóspedes mais velhos e dispostos a pagar por mais conforto.
O segmento continua se organizando e profissionalizando. Já na 14ª Edição, o Encontro Anual dos Proprietários de Hi Hostels acontecerá em Maceió em 2013. Em 2012 os temas tratados foram sustentabilidade, mídias sociais e tendências.
Se continuar nesse pique, a conquista de hóspedes tradicionais de hotéis econômicos e midscale será uma consequência natural.
Ainda acha que não precisa se preocupar com os hostels? Eu me preocuparia, ou melhor, eu investiria!
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Gostou do assunto sobre Hostels? Que tal ler mais sobre o assunto?
A Linguagem Impagável dos Hostels
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